Muros ou pontes?

Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas, agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta.
_ "Estou procurando trabalho. Sou pedreiro. Talvez você tenha algum serviço para mim."
_ "Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além? É do meu vizinho. Na realidade do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de tijolos ali no celeiro? Pois use para construir um muro bem alto."
_ "Acho que entendo a situação, disse o pedreiro. Mostre-me onde estão os outros materiais para a construção, por favor."
O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade. O homem ficou ali medindo, assentando tijolos, trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de muro, uma ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:
_ "Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei."
Mas, as surpresas não pararam ai. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio.
O irmão mais novo então falou:
_ "Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse."
De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O pedreiro que fez o trabalho começou a juntar suas ferramentas de trabalho.
_ "Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você."
E o pedreiro respondeu:
_ "Eu adoraria, mas tenho outras pontes para construir..."
Todo o grande conflito começa com um pequeno desentendimento, que se não resolvido, torna-se uma grande bola de mágoas, dores, assuntos inacabados e o pior de todos, o silêncio. O silêncio é o grande sinal de que as coisas não vão bem, afinal, enquanto há brigas, ainda há possibilidades de entendimento e reconciliação, porém, quando o silêncio invade, a sensação de fracasso e de impossibilidade, é insuportável.
Muitas pessoas passam muito tempo construindo muros entre seus familiares, amigos, colegas de trabalho e principalmente com seus inimigos. Talvez porque seja mais fácil aproveitar para ficar de um lado ou de outro, alimentando o ódio, o rancor, a intriga e por fim, o desamor.
Que tipo de pessoa você tem sido? Um construtor de muros ou de pontes?
O pedreiro provavelmente levaria o mesmo tempo tanto para construir o muro como para construir a ponte, porém, ele optou por construir a ponte. Quais são as escolhas que temos feito? Com certeza, o tempo que gastamos construindo muros com palavras de ofensa, olhares raivosos, atitudes ríspidas, é o mesmo tempo que gastaríamos construindo pontes de aproximação, gestos de carinho, palavras gentis e olhares afetivos. Se os muros já tiverem sido construídos, talvez possas construir uma ponte sobre ele, sendo um agente de reconciliação e não de inimizade.
Lembre-se, alguém tem que dar o primeiro passo. Então, vamos aproveitar as oportunidades que tivermos e se não tivermos, vamos criá-las. Mas, não deixemos de construir pontes, pois elas abrirão um novo caminho para a reconciliação, não nos esquecendo de que as pontes que construímos hoje poderão ser as mesmas, que nos possibilitarão aproximarmo-nos daqueles que porventura um dia nos afastamos. 
Mãos a obra amigos! Pois, com certeza, há muitas pontes a serem construídas, ou não?

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