Você
se lembra de uma propaganda de um determinado tipo produto de limpeza que diz
algo mais ou menos assim: “XÔ NEURA!” Com certeza você se lembra, mas o que é
mesmo neura? Vamos falar um pouquinho sobre isso.
Em nossos dias já se tornou moda xingar alguém dizendo um
palavrão psicológico: “Você é um neurótico!” Mas, o que é mesmo neurose?
De modo simplificado eu diria que neurose é a incapacidade (consciente ou
inconsciente) do individuo de:
- Ver o que
se precisa ver;
- Ouvir
o que se precisa ouvir;
-
Mudar o que se precisa mudar;
-
Sentir o que se precisa sentir.
Vejamos um pouco o que dizem os grandes pensadores da
psicologia sobre a neurose. Freud afirmou que a neurose se manifesta
quando “não superamos a fase da infância”. Se prestarmos atenção no
comportamento da maioria das pessoas confirmamos que elas muitas vezes se
comportam como crianças.
Adler disse que “as nossas dificuldades são
porque nós não superamos limitações físicas, psicológicas ou emocionais”, surgindo
assim as neuroses. Isto também faz sentido. O Dr. Wayne W. Dyer parece
lançar a responsabilidade de nossas neuroses sobre outros, ao afirmar: “se
fosse como eu, então eu não teria que me aborrecer tanto.” Essa posição nos
parece problemática. Não seria tedioso convivermos com alguém exatamente como
nós 24 horas.
Carl Jung disse: “o que adoece a gente é não
ser o que a gente é”. Ser o que a gente é implica em ver, gostar e fazer. Mas
isto nem sempre corresponde à verdade. Nós não somos ilhas, para fazermos só o
que desejamos. Por outro lado, Jung tem certa dose de razão. É que na medida em
que agimos segundo o que de fato somos, nos curamos internamente.
Insistirmos naquilo que a gente quer ser é o primeiro passo
para sermos curados. Muitos pacientes começam um tratamento na área da saúde,
principalmente mental e não perseveram. Alguns chegam perto da cura da ferida e
param; outros se desculpam pela falta de tempo, de dinheiro... Outros
ainda responsabilizam a família ou amigos por suas dificuldades. Só uns poucos
conseguem perseverar, libertar-se dos traumas interiores e viver saudavelmente.
Os obstáculos existem, mas é preciso lutar e perseverar.
Jesus o mais humano dos humanos nos aconselha a que não
fiquemos inquietos. E experimentarmos isso numa sociedade como a nossa que é
ansiosa e doente, é demais não é? Na verdade nossa mente trabalha contra nós.
Com freqüência, pela nossa ansiedade, pensamos e nos preocupamos com muitas
coisas ao mesmo tempo, somos dominados pela síndrome do pensamento acelerado,
dificultando assim o processo no qual deveríamos nos curar interiormente, ou
seja, a falta de quietude não nos deixa sermos curados de nossas neuras e
acabamos desenvolvendo uma série de mecanismos neuróticos.
Existem quatro atitudes que geralmente tomamos diante das
dificuldades. Na psicologia elas são chamadas de projeção, introjeção,
confluência e retroflexão.
-
Projeção: ocorre quando eu acuso os outros de minhas dificuldades.
Eu projeto neles essas dificuldades. O escritor e filosofo Jean Paul Sartre,
falou: “O inferno são os outros”. Isto é pura projeção neurótica!
-
Introjeção: é quando eu assimilo do meio em que vivo
costumes e maneiras de ser e digo que são meus. Exemplo: andar na moda e falar
e fazer o que todos fazem.
-
Confluência: fico sem noção do que vem de mim mesmo e o que
vem do meio em que vivo. Vivo em confusão. Acuso e acuso-me. Invado a vida dos
outros e me deixo ser invadido.
-
Retroflexão: Consiste em voltar para si mesmo a energia
mobilizada, fazer a si aquilo que gostaria de fazer aos outros ou que os outros
lhe fizessem. São exemplos de retroflexão (tanto patológica como saudável):
morder os dentes ou cerrar os punhos para não agredir; a masturbação; o sadismo
e o masoquismo; a fala mental etc. Ou seja, eu não respondo aos outros por
agressões recebidas, antes agrido a mim mesmo. Exemplo: bronquite, ulcera,
gastrites, alguns acidentes.
Para curar-se destes mecanismos neuróticos, faz-se
necessário conhecer-se melhor a si mesmo. Dai recorro novamente as palavras do
Mestre da vida (Jesus) “E conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32). Sócrates disse a celebre
frase que é a máxima da filosofia: “Conheça-te
a ti mesmo”. Este é o lema em que Sócrates cifra toda a sua vida de sábio.
O perfeito conhecimento do homem é o objetivo de todas as suas especulações e a
moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia. Quando se
fala de moral, Sócrates está falando parte culminante da sua filosofia e com
isso ele intenta ensinar a bem pensar para bem viver. O meio único de alcançar
a felicidade ou semelhança com Deus, fim supremo do homem, é a prática da
virtude. Esta virtude foi adquirida com a sabedoria ou, antes, com ela se
identifica. Esta doutrina, uma das mais características da moral socrática, é consequência
natural do erro psicológico de não distinguir a vontade da inteligência.
O que queremos dizer aqui com conhecer-se a si mesmo é mais
do que conhecer as palavras do Evangelho ou as máximas da filosofia, mas que
esse “conhecer” exige uma mudança radical de vida. A verdade de cada um que
precisa vir a tona e ser confrontada com a verdade do Evangelho, pois ai
está a verdadeira liberdade.
Queridos
desembaracem-se dos seus mecanismos neuróticos. Digam: XÔ NEURA!!!
Liberte-se
e assuma uma vida nova. Seja feliz.
Muito bom. Parabéns!
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