Diz um ditado popular que “manda quem pode obedece
quem tem juízo”. É muito discutível este ditado, embora tenha certa lógica,
todavia percebo que nem sempre quem manda, detém a liderança, principalmente
uma liderança sabia para si e seus liderados.
Quanto ao
obedecer é evidente que no dia-a-dia das relações sociais, a obediência aos
pais, patrões, leis, etc., é necessária, com ressalva de que ela não exceda o
que está escrito em Atos dos apóstolos 5.29 “...
Antes importa obedecer a Deus do que aos homens”. Não posso falar do que
não conheço por isso o que vou discorrer aqui esta baseado em anos de
observação e prática na vida pastoral e até mesmo baseados em erros que cometi
ao longo destes anos. Portando vou falar de liderança na igreja.
Apesar do
grande crescimento de evangélicos no Brasil, há uma carência enorme de líderes
coerentes, com o discurso ou com a fé que professam em suas próprias vidas. Daí
a alternativa bíblica com base na fé, esperança e amor. A todos, mas especialmente
aos líderes a bíblia adverte que não sejamos sábios aos nossos próprios olhos,
mas que cada um assuma a sua própria obra. “Se
alguém pensa que é importante, examine a sua própria maneira de agir, se ela
for boa, então pode se orgulhar do que ele mesmo fez, sem precisar se comparar
com a conduta dos outros. Porque cada um deve levar sua própria carga.” (Gl.6.3-5).
Desta forma alguns pré-requisitos se fazem necessários na liderança eficaz:
- Ter uma imagem real de si mesmo, com as suas habilidades e dificuldades;
- Aceitação das circunstancias. Ou seja, ter percepção do que pode e do que não pode mudar;
- Ser capaz de empatizar (conseguir sentir a dor do outro);
- Aceitar os outros como são, sem tentar manipula-los;
- Apresentar-se aos outros como você de fato é. Ser transparente. (Eu tive um líder que eu sempre disse que ele parecia o mar: quando você menos esperava, ele calmamente tirava a areia debaixo dos seus pés);
- Não cultivar nenhuma raiz de amargura ou ira.
Todos esses
pontos destacados aqui são importantes para um líder. Com certeza, aquele que
não sabe cuidar de si mesmo, dificilmente saberá liderar outros.
Noé Stanley
Gonçalves cita alguns tipos de líderes: O formal e empossado, o informal e
reconhecido, o líder social e o de opinião além do líder tarefa. Quero todavia,
acrescentar três outros tipos de líderes com os quais convivi durante anos: O
autoritário, o Vaidoso e invejoso, o liberal e o democrático.
Em minha
liderança cometi alguns erros e um dos mais sérios foi o descuido de mim mesmo,
o que me levou ao abandono do ministério, entretanto falarei disto mais tarde.
Ao longo dos anos conversei com muitos líderes cristãos desejosos de abandonar
o ministério, devido às múltiplas pressões recebidas. Talvez as pressões fossem
provindas da própria formação teológica, de si mesmo, da família, da igreja, e
da sociedade. Na verdade não há separação entre o tempo para si mesmo, família
e igreja. Então, fica tudo misturado e as conseqüências com certeza serão, ou
melhor, são desastrosas para a sua saúde e também muitas vezes para a saúde de
seus familiares.
Há poucos
dias estive ouvindo um líder falar a respeito de suas múltiplas atividades e de
como esta cansado, todavia a leitura que fiz foi que havia prazer no que ele
dizia e você há de concordar comigo que hoje em dia é comum ouvirmos: “Estou
tão estressado!”, ou “Eu levo uma vida muito estressante”. Queridos quando
alguém fala assim, o que está nas entrelinhas é que essa pessoa (geralmente um
profissional) é muito solicitada e trabalha demais. Porque não sabe dizer “não”
para os outros e termina dizendo “não” para si mesmo.
Há muitos
líderes feridos, machucados que estão em crise existencial, ministerial e até
espiritual sem, contudo, encontrar o apoio necessário da família, igreja ou
outras instituições. Estes líderes estão gritando silenciosamente, alguns
agonizando e só não abandonam o ministério porque estão a tantos anos fazendo
isto que não tem coragem de tentar algo novo. É preciso, é vital mais e mais
que a igreja se torne uma comunidade terapêutica e de amor, um lugar onde a
misericórdia seja exercida, pois também seus membros estão sofrendo por causa
de feridas emocionais.
Todo este
esforço será em vão se não houver como base o que Jesus ensinou em Mateus 22.37
“Ama o Senhor teu Deus com todo o seu
coração, com toda a sua alma, com toda a tua mente.” Este amor é que
sustenta qualquer líder cristão ou não. É a base para a arte de liderar! Mas,
logo a seguir Jesus disse: “ame o seu
próximo como a si mesmo.” (Mateus 22.38) Esse é o triângulo fundamental em
toda e qualquer relação humana saudável.
No meio
cristão percebo que o mandamento de amar a Deus é bem recebido, embora haja
pouco compromisso. “Amar o próximo” é também bastante comentado, porém pouco
vivenciado. Já o amor a si mesmo é quase esquecido, pois é encarado como
sinônimo de individualismo, egoísmo. Esta atitude equivocada tem levado muitos,
a situações conflituosas e ambíguas. Deveria ser natural que alguém com o
coração cheio de Deus e do seu amor, fosse capaz de amar ao próximo. Mas, como
isto pode acontecer se não nos permitirmos nos amar? Sem amor integral e
triangular, algo está quebrado. Em 1 Corintios 13 há o mais profundo e belo
poema sobre o amor.
O desafio, portanto é se permitir a prática do
arrependimento, perdão, amor a si mesmo, ao próximo e a Deus. Só com esta base
amorosa que vem do coração do Pai é possível aprender a praticar a verdadeira
arte de liderar. Lembre-se amigo quem não aprendeu a liderar o mundo interior,
jamais será capaz de liderar o mundo de fora. Então se cuida e se for o caso
procure ajuda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário