Hoje pela manhã tive uma conversa
com alguém que é muito especial para mim e ele compartilhou comigo, algo que no
momento, decidi apenas ouvir, não tecendo comentários analíticos, pois afinal
era uma conversa entre amigos e ele queria apenas falar. Em síntese ele me
falou da falta de autoconfiança que está tendo em algumas áreas de sua vida.
Quero ajudar. Posso com certeza ajudá-lo. Vou ajudá-lo. Mas, lembrei que
existem tantos outros vivendo situações semelhantes, que decidi postar este
texto talvez, possa ajudá-los também.
Desarrumada e mal vestida, a menina negra,
magra pela fome e não pela anorexia, desceu o morro carioca para tentar a sorte
no programa de calouros de Ary Barroso. Era o momento áureo do rádio que, dos
anos de 1930 a 1950, revelou grandes nomes da MPB.
Na fila de inscrições estavam lindas
jovens bem vestidas e a menina favelada olhava para elas sem qualquer medo.
Tinha apenas treze anos e já era mãe. Seu bebê estava doente e ela precisava
fazer algo para conseguir algum dinheiro. No corredor os calouros aguardavam o
chamado e em seguida entravam trêmulos.
- Elza
Gomes da Conceição, sua vez! – Após ouvir seu nome, a menina cruzou a porta do
estúdio. Cerca de mil pessoas a aguardavam. O programa era o maior sucesso na
época e no palco estava o grande Ary Barroso, autor de “Aquarela do Brasil”,
pois ele próprio acompanhava os calouros ao piano.
Ao ver a menina com no máximo 35 quilos, subindo ao palco
completamente desengonçada, usando uma roupa emprestada e ajustada com
alfinetes para conter as sobras de pano, duas marias-chiquinhas, a plateia
explodiu na risada.
O apresentador do programa arrumou os óculos e disse,
friamente:
-
Aproxime-se.
Ela
ignorou as gargalhadas e foi até ele.
- O
que você veio fazer aqui? – perguntou intrigado.
- Ué,
eu vim cantar, disse ela com o ar mais inocente desse mundo.
- Mas
quem disse a você que você canta?
- Eu!
– falou com voz firme.
-
Diga-me uma coisa: de que planeta você veio? – questionou de forma ácida.
Ela respirou
fundo e lhe respondeu:
- Eu
vim do planeta-fome, seu Ary. Do mesmo planeta de onde o senhor veio.
Nesse momento o auditório se calou. Ali estava uma
adolescente cheia de bravura, desafiando o grande ícone da música brasileira,
lembrando que ele próprio também tivera um berço pobre e que havia passado por
dificuldades acerbas como as que ela no momento passava.
Silencioso, Ary apontou para ela o microfone e deslizou
seus dedos no teclado em seguida. A menina então começou a cantar com a voz
afinada e ao mesmo tempo arranhada, rouca, única, apresentando efeitos que
ninguém jamais tinha ouvido.
No final, o mesmo público que riu tanto dela em sua chegada
vibrou de emoção e encheu o estúdio de palmas. Ela as recebeu chorando,
abraçada com Ary que, igualmente muito emocionado, disse:
-
Senhoras e senhores, nesse exato momento, acaba de nascer uma estrela.
Elza Soares, em seu livro “Cantando para não Enlouquecer”,
narra sua história repleta de momentos de superação como esse.
Podemos nos perguntar: o que faz alguém como ela chegar à
vitória, vencendo obstáculos tidos com intransponíveis, atravessando oceanos de
dificuldades? O que move uma alma na direção da excelência em qualquer área,
fazendo com que até mesmo os maiores problemas se transformem numa espécie de
combustível para voos mais altos? O que produz essa certeza de que não há
porque recuar e que vale seguir adiante?
Resposta:
AUTOCONFIANÇA.
Ter convicção do nosso próprio potencial e sentir que é
possível fazer algo valioso, com aquilo que já guardamos em nosso interior, é
uma espécie de combustível que nos impulsiona em direção do sucesso. Pessoas
que não acreditam em si mesmas acabam não deixando aflorar o imenso potencial
que já possuem.
Mas aqueles que têm convicção das suas habilidades e talentos
e que, por outro lado, também são capazes de reconhecer seus pontos fracos, se
colocam no caminho do crescimento. Ter autoconhecimento para perceber aquilo
que podemos melhorar não significa sentir-se pequeno, fraco, mas representa
poder de percepção para melhorar continuamente.
Portanto, se confiamos em nós mesmos podemos ver, com
tranquilidade, aquilo que nos falta, ao mesmo tempo em que notamos aquilo que
já possuímos de bom.
Como dizia Henry Ford: “Se você acredita que pode ou se
você acredita que não pode, de qualquer jeito estará certo”.
Estou convicto de que a história de Elza Soares, esta
fantástica cantora da nossa terra, pode ser inspiradora para você. Ela nos
lembra, o quanto podemos fazer diferença no mundo quando, diante das
dificuldades, respiramos fundo, acessamos recursos latentes e seguimos
firmemente na direção dos nossos sonhos.
O slongan do
Candidato à presidência dos Estados Unidos Barack Obama em 2008, era: "yes,
we can" (Sim, nós podemos).
Vou dizer algo para você e espero que lembre sempre disso.
Três palavras bem simples, mas que expõe a minha crença de que você, eu, nós
temos grande força interior, bem como o meu desejo de que mostre ao mundo seu
potencial.
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