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Quando estamos sob "pressão" ministerial e espiritual

Olá pessoal! Como diria o Matuto: "Ói nóis aqui traveiz".
Minha proposta hoje exposta aqui neste artigo é compartilhar com vocês um pouco do momento que estou vivendo e procurando aprender com o mestre dos mestres; Jesus.

Vem comigo para o Cenário do enredo...
36. Então Jesus foi com seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: "Sentem-se aqui enquanto vou ali orar". 37. Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.  38. Disse-lhes então: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo". 39. Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres". 40. Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. "Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora? ", perguntou ele a Pedro.41. "Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca". 42. E retirou-se outra vez para orar: "Meu Pai, se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade". 43. Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. 44. Então os deixou novamente e orou pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. 45. Depois voltou aos discípulos e lhes disse: "Vocês ainda dormem e descansam? Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. 46. Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!" Mateus 26.36-46. NVI

JESUS E O DESGASTE EMOCIONAL
O pastor Jesus chegou ao final do seu ministério, depois de três anos abençoadissismo  e ininterruptos. Neste momento o filho de Deus se sente só, com um grande peso que o sufoca e o entristece, a ponto de sentir a sua alma angustiada, que o projetou a fina linha da morte.
Na minha perspectiva que com certeza pode ser diferente da sua, Jesus sentia falta neste momento de apoio integral dos discípulos, pois os mesmos não compreendiam a intensidade da sua dor. Ele não apenas sentia-se só, mas também  sem ter com quem compartilhar o motivo da sua angustia.
Das coisas que Jesus sentia falta que listei acima qual delas você sente falta no momento?
Em nenhum momento dos evangelhos a humanidade de Jesus foi tão bem descrita como na experiência do Getsêmani. O terror da morte iminente abateu-se sobre ele sem dó e sem piedade. Ele mesmo dissera que estava numa “tristeza mortal” (v. 38).  Mas o que significa humanamente falando, estar “numa tristeza mortal”? ...
Posso vê-lo a cambalear pelo Getsemani, ocasionalmente tropeçando e caindo, pensamentos iam e voltavam para desafiar a sua resolução. Que sentimentos eram estes que o faziam sofrer tanto? Talvez você nunca tenha pensado nisto mas fato é que eles eram tão intensos que o evangelista Lucas no capitulo 22 de seu evangelho nos diz que seu sangue pingava com o suor dos seus poros. Por que ele deveria sofrer em favor da humanidade? Ele não seria menos santo e nem menos justo se permitisse que a raça de homens afetados pelo pecado sofresse a justa conseqüência da sua própria rebelião.
Amigo nada obrigaria Jesus a completar sua missão; nada a não ser o seu amor pelas pessoas e pela obediência ao Pai. "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres". Estas foram às palavras que expressaram sua agonia. Ele queria se submeter à vontade de seu Pai, mas a luta era intensa, pois embora soubesse ser necessário trilhar o caminho da cruz seu coração, dizia não. A razão e o coração diziam coisas diferentes e ele não se submeteria  a vontade do Pai antes que a tentação o atacasse outras vezes. Ele teria que reafirmar aquilo que sua mente dizia nada  menos que em três momentos distintos. Cada tentação foi enfrentada coma a mesma resolução: “...Não seja como eu quero, mas sim como tu queres".
Você já passou por algo semelhante amigo? Travar a luta entre o querer e o  dever? E o pior não poder abrir totalmente o jogo com os “amigos”? è claro que estes meus questionamentos nem de longe se comparam com os motivos da  guerra que Jesus travara, mas também não estou preocupado aqui em estar teologicamente correto, estou apenas discorrendo sobre sentimentos e ideias. (espero que você entenda isto!)
Mas vamos seguir em frente. Veja que apesar deste momento de tristeza mortal, Jesus ainda assim se preocupou com os seus discípulos:
· Abrindo-lhes o coração e mostrando-lhes o modelo: “sozinho não dá”.
· Vigiem”... fiquem comigo! Isto no futuro iria lhes valer a vida.
· Preocupou-se com o futuro deles: “Para que não caiam em tentação”.
· Não romantizou, mas mostrou-lhes a realidade do momento: “Minha hora é chegada”.  
No versículo 38, Jesus pede: “Vigiem comigo”, e  no versículo 41 ele diz: “vigiem e orem”. Por que Jesus acrescenta o “orem”? Bem a meu ver isto tem conotação de cuidado. “Preocupem-se com vocês mesmos”. Tem uma conotação de batalha espiritual. Mas não vou me estender muito aqui senão isto vira uma monografia e esta não é minha intenção.
Afinal, o que Jesus nos ensina com a experiência do Getsêmani? Não sei quanto a você, mas tenho aprendido pelo menos 6 coisas (ainda que na teoria).
·         Que devemos enfrentar a dor de frente.
·         Que assim como Ele, todos nós temos limites (3 vezes).
·         Ele também quis tomar um atalho: “se possível...”.
·         A lançar diante de Deus com sinceridade, sem hipocrisias, sem falsa espiritualidade, nossas angustias e medos.
·         Que precisamos e podemos abrir de fato o coração ao Pai.
·         Que até mesmo os íntimos, os chegados,  podem falhar na hora em que mais precisamos.
E você o que pode aprender com esta experiência do Getsemani?

O DESGASTE MINISTERIAL
No Getsêmani Jesus estava aflito, pouco a vontade e desconfortável. No ministério como Ele, também devemos estar nos preparando para conviver com esta dura realidade. Pois, inevitavelmente, estaremos sujeitos a sentirmo-nos só em vários momentos da vida. O ministério e especialmente o ministério pastoral é combate, é guerra. É luta sem trégua e sem acordos e conchavos. O lema do soldado de Cristo nesta guerra é um só: vencer ou vencer. Pois temos que acabar a carreira. E acabar a carreira requer alto sacrifício de lutar e vigiar em todo tempo, com seriedade, ética e temor. Portanto, não adianta somente iniciar bem. É preciso continuar progressivamente bem e terminar bem... Tudo isto amigo, produz inevitáveis sofrimentos.
Em suma, podemos dizer que o desgaste ministerial consiste num estado de espírito, de desanimo, e perda de motivação para continuar a missão. Este estado pode ser chamado, também, de esgotamento, que é a exaustão causada por excessivas de mandas de energias, forças e recursos.
Talvez você não exerça um ministério pastoral, mas de alguma forma também se sente como se estivesse se esvaindo de você uma ultima gota de força, de animo. Está tudo tão difícil!, Tão duro!, Tão cruel!, Tão pesado! Se assim for seu caso amigo você pode compartilhar comigo no espaço comentário deste blog que juntos levaremos a Deus as nossas Dores.

Três perguntas para serem respondidas apenas para você mesmo e/ou se desejar pode compartilhar comigo:
 1. Quais são as causas básicas do seu desgaste emocional ou ministerial?
 2. Você está tendo que lidar, no momento, com alguma destas causas do desgaste emocional ou ministerial?
 3. Já analisou quais seriam alguns passos a serem dados para superar este problema?

Os planos mudaram. E agora?

“NÃO” é a mais fácil e cômoda palavra que existe. Se alguém diz não, os problemas acabaram. Os problemas realmente começam quando você diz "SIM".
Victor Civita

Você já ouviu e já usou a bem humorada expressão: “Vamos usar o plano B!”.
Na verdade pode ser o NOSSO PLANO B, mas era na verdade o A de Deus, nós é que não havíamos percebidos.
O problema é que muitas vezes mudança de planos, gera crise e consequências desagradáveis. Por outro lado, é muito interessante como viver uma dor, muda a vida das pessoas... Não é mesmo?
Existem coisas que você não entende até que você passe pela real situação. A realidade muda muitas das nossas teorias. Os fatos muitas vezes nos acordam dos nossos sonhos.
Uma experiência real pode nos redefinir como pessoas. Por exemplo...
  • Uma mulher não pode definir a figura de uma mãe, até que ela seja uma.
  • Um homem só pode saber o que é ser pai, depois de ter um filho lhe chamando de pai.
  • Uma pessoa só sabe realmente o que é a luta contra um câncer depois que vence uma.
  • Uma pessoa só sabe realmente o que é a dor de um luto, quando perde uma pessoa amada.
           Nós só entendemos as coisas mais fortes da vida, quando as experimentamos. É incrível como somos transformados pelos nossos sofrimentos, dores e perdas, porque passamos por eles.
           Não podemos evitar muitos fatos negativos de nossa vida, todavia como vamos reagir diante deles isso sim está em nosso controle. Alguém certa vez me disse que a posição que eu ocupar numa batalha poderá determinar o resultado da mesma. Então querido, o negócio é encarar a nossa dor de frente! Não adianta fugirmos dela, negá-la ou simplesmente tentar ignorá-la.
           O inimigo numero 1 da restauração é a negação! Admita: Você nunca terá respostas para todas as suas dúvidas. Está Escrito: "As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei.” - Dt. 29:29 – NVI
          Você, assim como eu, não precisa sofrer para aprender que Deus o ama  e tem um grande propósito para sua vida aqui na terra e também na eternidade. Eu sei por experiência própria que a maior dificuldade ao passarmos pela dor, é enfrentar a situação quando DEUS DIZ NÃO aos nossos planos! Estou pedindo a Deus hoje que me ensine a lidar com a “mudança de planos”. Você pode vir comigo nessa?
         A grande questão é o que fazer quando os fatos dizem que precisamos refazer nossos planos. Então, deixe-me compartilhar com você o que tenho aprendido, ou melhor; o que estou aprendendo. A primeira coisa que tenho aprendido é:
·         QUE POR PIOR QUE PAREÇA, CRESCEMOS COM A DOR: Tg. 1: 3-4
O que faz um rio ser forte em suas corredeiras são justamente os obstáculos que estão no seu percurso. Está duro, difícil, imagino, e certamente só você sabe o quanto, mas uma coisa é fato, Deus está trazendo força, resistência, sabedoria para sua vida nesses dias. Sua dor não é em vão. Com fé, determinação e coragem, você vai crescer e passar por elas! Você é um ser resiliente.
“A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas, choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.”
E isto não é obra do acaso não; você foi planejado por um Deus de amor que o forjou com esta capacidade de ser resiliente.

A segunda coisa que tenho aprendido é:
  • DEUS SABE O DIA DE AMANHÃ E O SEU TRABALHO EM NÓS, LEVA ISSO EM CONSIDERAÇÃO.
Deus não trabalha contra nós, e sim a favor. Ele planeja o melhor para nossa vida, família e carreira, precisamos ficar atentos aos seus sinais e direção. "Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos", declara o SENHOR. " Is. 55:8.
Nunca coloque os pensamentos e caminhos de Deus limitados aos seus! Porque Deus planeja, vê e age de forma diferente, simplesmente porque ele é Deus. Um Deus que nos ama e nunca vai planejar o pior. Com ele seu futuro está garantido.

  • Quando você se sentir cansado, a decisão será parar. Mas Deus te manda prosseguir
  • Quando você se sentir chateado, a decisão será se isolar. Mas o melhor é conversar
  • Quando você se sentir ameaçado, a decisão será fugir. Mas o Senhor o chama a enfrentar
  • Quando você se sentir ofendido, a decisão será magoar. Mas o melhor é amar. 
  • Quando você se sentir ferido, a decisão será ferir. Mas o melhor é perdoar
  • Quando você se sentir injustiçado, a decisão mais fácil será se vingar. Mas o melhor é esperar.
     Robert Schuller disse:"Problemas não são placas de parar, eles são guias de ação."  
Tenho descoberto que a grande questão não descobrir a vontade de Deus, mas sim estar disposto a obedecê-la, porque  andar em direção a vontade de Deus, pode afetar totalmente nossos planos pessoais. No entanto precisamos apesar de tudo crer e obedecer a direção que Ele nos dá porque Deus não comete erros. Ele fará o melhor para sua vida. Hoje pode ser o recomeço de uma nova, melhor e maior jornada para sua vida!  Então não hesite em mudar se for para fazer a vontade de Deus na sua vida.

A MUDANÇA DE PLANOS COM DEUS NÃO É O FIM! É APENAS O RECOMEÇO!

O Salmo 23 do Caipira

      Olá pessoal estou de volta para falar com vocês sobre um dos salmos mais conhecidos da Bíblia; o Salmo 23. Acredito que a maioria de nós já assistiu a um filme norte-americano e viu um reverendo lendo o referido salmo para a família durante o culto fúnebre. O Salmo 23 é de autoria de Davi, o grande rei de Israel. mais conhecido em todo mundo por derrubar e matar o gigante Golias com uma funda e cinco pedrinhas. Ele escreveu este salmo num contexto de guerra e adversidades pessoais. Talvez por isto, o Salmo 23 tem sido usado para conforto e consolo para todos nós em tantos momentos de tristezas, luto, dores, perdas e angustias.  E se em alguma coisa você for parecido comigo em relação a fé você também já o leu muitas vezes e por certo o primeiro versículo você sabe de cor neh?

Dias atrás eu li uma versão muito linda deste salmo, que eu gostaria de compartilhar com vocês, não sei quem é o autor, mas vale lembrar que isto nos faz lembrados de nossa origem e que acima de tudo onde quer que estejamos ou como falemos temos um pastor que nos guia. Veja que lindo!
“O sinhô é meu pastô e nada há de me fartá!
Ele me faiz caminhá pelos verde capinzá.
Ele tamém me leva pros corgos de água carma. 
Inda que eu tenha qui andá nos buraco assombrado, lá pelas encruzinhada do capeta; 
Não careço tê medo di nada, a-modo-de-quê Ele é mais forte que o “coisa-ruim”.
Ele sempre nos aprepara uma boa bóia na frente di tudo quanto é maracutaia.
E é assim que um dia quando a gente tivé mais-pra-lá-do-qui-pra-cá nóis vai morá no rancho do sinhô pra inté nunca mais se acabá…  Ameim!”

Agora, transcreverei o Salmo 23.1 a 6, em linguagem tradicional da Bíblia Revista e Corrigida da Sociedade Bíblica do Brasil:

“O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.
Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.
Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre.” – Amem! 

     Amigo  ao compartilhar com você este texto meu desejo é que você possa confiar nesta Palavra divina e descansar seu coração, certo de que, com fé em Deus, todas as suas escolhas e decisões serão bem-sucedidas. Seja você da cidade ou do campo siga firme no caminho da sua vida, seguro de que se de fato o Senhor for o seu Pastor, você não sentirá falta de absolutamente nada!
Um abração e ...

Pense nisto!

Basta que me toques


Olá pessoal! Hoje em  especial desejei compartilhar com vocês algo que mexe com minha alma e o meu coração. E para isso quero fazer uso de um texto compilado do livro de Max Lucado “Simplesmente como Jesus” e aconselho você a lê-lo se puder. Viaje comigo neste texto e veja onde você se encaixa.
  “Um ano, durante a colheita, percebi que minha mão não podia sustentar a foice com a mesma força. Os dedos estavam adormecidos. Primeiro foi um dedo, e depois, outro. Em pouco tempo podia empunhar a foice, mas nem a sentia. Ao terminar a temporada não sentia nada com as mãos. É como se a mão que empunhava o cabo pertencesse a outra pessoa; tinha perdido toda sensibilidade. Não disse nada a minha esposa, mas ela suspeitava de algo. Como poderia não suspeitar? Eu levava minha mão junto ao corpo como ave ferida.
Uma tarde enfiei a mão numa bacia de água para lavar o rosto. A água ficou vermelha. Um dedo sangrava, com hemorragia. Nem sabia que me havia machucado. Como me cortei? Com alguma faca? Será que encostei a mão em algum objeto afiado? Deve ter sido, porém eu nada tinha sentido.
— Está também na sua roupa — disse minha esposa com voz fraca. Ela estava atrás de mim. Antes de olhar para ela, fitei as manchas vermelhas em minhas vestes. Por longo tempo fiquei sobre a bacia, contemplando minha mão. Algo me dizia que minha vida tinha sido alterada para sempre.
— Você quer que eu o acompanhe para ver o sacerdote? — me perguntou.
— Não — disse eu com um suspiro —. Irei sozinho.
Me virei e vi seus olhos úmidos. Junto dela estava nossa filinha de três anos. Abaixando-me, olhei diretamente em seus olhos e acariciei sua face, sem dizer nada. Que poderia dizer? Endireitei-me e olhei para minha esposa de novo. Ela me tocou no ombro, e com minha mão boa toquei a dela. Seria nosso toque final.
Cinco anos se passaram, e desde então, ninguém mais havia me tocado, até agora.
O sacerdote não me tocou. Olhou para minha mão, que agora levo envolvida num pano. Olhou para meu rosto, agora obscurecido pela tristeza. Nunca o culpei pelo que me disse. Simplesmente estava agindo segundo tinha sido instruído. Cobriu sua boca e estendeu sua mão, com a palma para fora. "Você é imundo", disse. Com este pronunciamento, perdi minha família, meus bens, meu futuro, meus amigos.
Minha esposa veio me encontrar nas portas da cidade, com uma sacola de roupa, pão e moedas. Não disse nada. Alguns amigos tinham-se reunido. O que vi em seus olhos foi precursor do que tenho visto em todo olhar desde então: compaixão cheia de terror. Enquanto eu saía, eles se afastavam. Seu horror por minha enfermidade era maior que sua preocupação pelo meu coração; e assim eles, igual a todos desde então, recuaram.
Ah, quanta repulsa sentiam os que me viam! Cinco anos de lepra me deixaram as mãos retorcidas. Faltam-me várias falanges em vários dedos, assim como pedaços de minhas orelhas e do nariz. Ao ver-me, os pais pegam seus filhos. As mães cobrem seus rostos. As crianças me apontam com o dedo e ficam olhando para mim.
Os trapos não podem esconder as chagas de meu corpo. Tampouco o pano com que envolvo meu rosto pode ocultar a ira de meus olhos. Nem sequer tento escondê-la.
Quantas noites não levantei meu punho crispado contra o céu silencioso? "Que fiz para merecer isto?" Porém nunca recebi resposta.
Alguns pensam que pequei. Alguns pensam que meus pais pecaram. Não sei. Tudo quanto sei é que me fartei de tudo: de dormir na colônia, de perceber o fedor. Odiava o maldito sino que tinha que levar pendurado no pescoço para advertir às pessoas de minha presença. Como se precisasse dele. Bastava um olhar e os anúncios começavam: "Imundo! Imundo! Imundo!"
Algumas semanas atrás me atrevi a andar pelo caminho da aldeia. Não tinha nenhuma intenção de entrar nela. O céu sabe que tudo o que eu queria era dar uma olhada nos meus campos. Dar uma olhada em minha casa e ver, por alguma casualidade, o rosto de minha esposa. Não a vi; mas vi algumas crianças brincando num campo. Me escondi atrás de uma árvore e as observei vaguear e sair correndo. Suas faces estavam tão felizes e seu riso era tão contagioso que por um momento, apenas por um momento, não era mais leproso. Era de novo agricultor. Era pai. Era um homem.
Com a infusão da felicidade deles sai de trás da árvore, endireitei minhas costas, respirei profundamente... e então me viram. Antes que pudesse retirar-me, me viram. Gritaram. Fugiram correndo. Uma, porém, ficou. Uma se deteve e olhou para mim. Não sei, não poderia dizer com certeza, mas acho, na verdade acho que era minha filha. Não sei; não poderia garanti-lo; mas penso que ela buscava seu pai.
Esse olhar me fez dar o passo que dei hoje. Certamente foi temerário. Com certeza foi um risco. Mas, o que tinha a perder?Ele chama a si mesmo de Filho de Deus. Ou ele ouviria meu clamor e me mataria, ou aceitaria minha demanda e me curaria. Foi o que pensei. Me aproximei dEle, desafiando-o. Não foi a fé que me empurrou, mas sim uma ira desesperada. Deus tinha feito uma calamidade no meu corpo, e devia restaurá-lo ou então, acabá-lo.
Mas então o vi, e quando o vi, mudei. Lembre que sou agricultor, e não poeta, assim não consigo achar as palavras para descrever o que vi. Tudo quanto posso dizer é que as manhãs da Judéia algumas vezes são tão frescas e o nascer do sol tão glorioso que olhá-lo é esquecer do calor do dia anterior e das feridas do passado. Quando olhei para seu rosto vi uma manhã da Judéia.
Antes que Ele falasse, soube que se interessava. De alguma forma soube que detestava esta doença tanto, se não mais, que eu. Minha ira se converteu em confiança, e minha cólera em esperança.
Oculto por trás de uma pedra, o vi descer da colina. Multidões o seguiam. Esperei até que estivesse a poucos passos de onde eu estava, e então me apresentei.
— Mestre!
Parou e olhou para mim, assim como dezenas de outros. Uma torrente de temor percorreu a multidão. Os braços voaram para cobrir as caras. As crianças se comprimiram detrás de seus pais. "Imundo!" gritou alguém. De novo, não culpo eles. Eu era uma massa malfeita de morte. Porém quase não os ouvia. Quase não os via. Tinha visto mil vezes seu pânico. Contudo, a compaixão dEle quase nunca a havia contemplado. Todo mundo retrocedeu, exceto Ele. Então avançou para mim. Para mim.
Cinco anos atrás minha esposa tinha se aproximado de mim. Ela foi a última a fazê-lo. Agora Ele o fazia. Não me mexi. Simplesmente lhe disse:
— Senhor, tu podes limpar-me, se quiseres.
Se Ele tivesse me curado com uma palavra, teria ficado mais que encantado. Se me tivesse sarado com uma oração, teria me regozijado. Porém não ficou satisfeito com falar-me. Até então ninguém tinha me tocado. Até hoje.
— Quero — suas palavras foram suaves como seu toque —. Sê limpo.
A energia encheu meu corpo como a água num campo arado. Num instante, num momento, senti o calor onde tinha havido insensibilidade. Senti força onde tinha havido atrofia. Minhas costas se endireitaram, e minha cabeça se levantou. Onde eu tinha estado com o olho no nível de sua cintura, agora estava fitando-o ao nível de seu rosto.
Seu rosto sorridente. Tomou minhas faces com suas mãos, e me aproximou tanto que pude sentir o calor de seu hálito e ver a umidade de seus olhos.
— Não fales com ninguém. Mas vai e mostra-te ao sacerdote, e oferece a oferta que Moisés ordenou para os que são sarados. Isso mostrará às pessoas o que tenho feito.
É isso é o que estou fazendo. Vou mostrar-me ao sacerdote e abraçá-lo. Vou mostrar-me a minha esposa, e abraçá-la. Levantarei minha filha, e a abraçarei. Nunca esquecerei o que se atreveu a tocar-me. Poderia ter-me sarado com uma palavra; mas desejava fazer mais que me sarar. Desejava dar-me honra, validar-me. Imagina: indigno de que me toque o homem, e contudo digno do toque de Deus.”
Talvez seja hora de voltar para casa, voltar para os seus. Hora de voltar ao primeiro amor. Ou quem sabe ainda ir atrás daquele que se encontra alongado, caído, carente, desesperançado.
Há tantas espécies de lepras no mundo: do preconceito, da violência, da segregação, do racismo, do abandono etc. Ainda que você seja vítima de algum destes tipos de lepra, saiba que alguém quer tocar-te.
Lembre-se, muitos males e feridas se curam com remédios porém a solidão pode ser curada com um simples abraço.

Um abraço amigo!